A Utilização do Teste de ancestralidade genético em Processos de Obtenção de Cidadania italiana

Por equipe Panormus e Leonardo Gutierrez Alves

 

Introdução:

A busca pela cidadania estrangeira é um processo complexo que envolve a comprovação de diversos critérios, como vínculos familiares, residência, matrimônio e outros. O Teste de DNA, em particular o teste de ancestralidade genética, ganhou destaque como uma ferramenta potencial que poderia fornecer evidências em processos de obtenção de cidadania. Neste artigo, será examinada a viabilidade e os desafios associados ao uso do Teste de DNA, especialmente o teste de ancestralidade genética (também conhecido como teste de genealogia genética ou teste genealógico), como meio de comprovação em pedidos de cidadania estrangeira.

 

Teste ancestralidade cidadania estrangeira

 

 

Teste de Ancestralidade Genética: Entendendo os Fundamentos:

Importante destacar que o teste de ancestralidade genética analisa o DNA de um indivíduo com o objetivo de identificar suas origens étnicas, bem como geográficas. Isso é possível através da análise de marcadores genéticos específicos associados a grupos étnicos e regiões. Muito embora esses testes possam fornecer informações fascinantes sobre as origens ancestrais de um indivíduo, a sua utilização em processos de cidadania levanta várias questões a respeito de sua precisão e legalidade, para tanto será importante avaliar os levantamentos a seguir.

Como são feitos os testes de ancestralidade?

Existem algumas empresas especializadas nesse procedimento, tais como, 23ANDME, ANCESTRY DNA, AFRICAN ANCESTRY, NATIONAL GEOGRAPHIC GENO, FAMILY TREE, MYHERITAGE e GENERA, e muitos questionam se são confiáveis.

Geralmente, a forma mais utilizada é a de amostras coletadas por meio de um com swab (haste flexível) bucal, e depois serão processados por meio de técnicas existentes de biologia molecular.

Esses testes genéticos de ancestralidade utilizam métodos moleculares os quais possibilitam a localização de semelhanças entre o genoma do indivíduo submetido ao procedimento e o de indivíduos que pertencentes a outras regiões geográficas.

Os resultados, por fim, são um comparativo com genomas de referência, com a estimativa da mistura de ancestralidade de uma pessoa, juntamente com a verificação de relações de parentesco entre indivíduos pertencentes em um mesmo banco de dados.

A Validade Jurídica do Teste de Ancestralidade Genética:

Em muitos países, a obtenção da cidadania estrangeira geralmente requer a comprovação de laços familiares, residência contínua e, em alguns casos, a demonstração de ascendência direta. A questão crítica aqui é se os resultados do teste de ancestralidade genética podem ser aceitos como prova legítima desses laços familiares, inclusive como auferir sua precisão no resultado.

 

Desafios Éticos e Genéticos:

A utilização do Teste de DNA para fins de cidadania não está isenta de desafios éticos e genéticos. A precisão dos testes de ancestralidade genética pode variar, e as empresas que oferecem esses serviços frequentemente destacam que os resultados são estimativas baseadas em comparações com bancos de dados genéticos. Além disso, questões éticas relacionadas à privacidade e ao armazenamento de dados genéticos devem ser consideradas.

DNA coletado diretamente de duas pessoas para paternidade/maternidade

Diferentemente do teste de ancestralidade, o teste de DNA direto utiliza o comparativo entre duas pessoas específicas e seu resultado traz uma probabilidade de parentesco direto e comum entre elas.

Esse modelo é amplamente aceito, inclusive para fins de reconhecimento de paternidade ou maternidade utilizado em processos judiciais de pensão alimentícia, pensão por morte, heranças e outros.

A Interseção com a Legislação de Cidadania:

Cada país possui suas próprias leis de cidadania, e a aceitação do teste de ancestralidade como prova pode variar significativamente. Alguns países podem ter regulamentações claras sobre o uso de testes genéticos, enquanto outros podem deixar espaço para interpretação. É crucial examinar as leis específicas do país em questão para determinar a validade legal do teste de ancestralidade genética no contexto da obtenção de cidadania estrangeira.

No caso em especial de países como Itália, Espanha e Portugal, a ancestralidade é auferida única e exclusivamente com base em provas documentais, como certidões de nascimento, casamento e óbito, e nesses casos não há margem alguma para outras formas de comprovação. Somente se a justiça reconhecesse o teste de DNA direto entre duas pessoas, declarando especificamente que há um grau de parentesco definido entre elas, nesse caso haveria uma alteração documental e a inserção desses dados em sua certidão de nascimento, casamento e outros, nesse caso, o teste de DNA teria validade para fins de cidadania estrangeira a depender da interpretação de cada país.

 

Conclusão:

Embora o Teste de DNA, especificamente o teste de ancestralidade genética, possa oferecer informações valiosas sobre as origens genéticas de um indivíduo, a sua aplicação como prova em processos de obtenção de cidadania estrangeira é uma questão complexa. A validade jurídica, os desafios éticos e genéticos, bem como a conformidade com as leis específicas de cada país, devem ser cuidadosamente considerados antes de depender exclusivamente desses testes em um pedido de cidadania. Em última análise, a utilização do Teste de DNA para fins de cidadania estrangeira deve ser abordada com cautela, considerando-se a totalidade do contexto legal e ético envolvido e inclusive que muitos países não aceitam os resultados como elemento probatório para essa finalidade.

Sobre a Panormus

A Panormus é uma empresa de assessoria à cidadania italiana, via processo judicial. Atua na área a mais de 10 anos e tem como meta desenvolver um trabalho embasado na ética e no respeito aos descendentes italianos. 

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